quarta-feira, 20 de maio de 2009

O julgamento do Juiz

O pecado paira por todos os lados.
A luxuria, a bebedeira, a intriga, a inveja, a corrupção emergem de todos os lugares.
Mas onde está o acusador para denunciar os pecados?
Ninguém se levanta para atirar pedras? Por quê?
Porque ninguém tem moral para denunciar
Menos os escarnecedores, os fofoqueiros,
Mas a quem se pede:
"Calai-vos!"
Todos estão sujos, todos pecaram e a todos deve ser dito: "Vergonha! Entregaram-se ao pecado." "Vergonha" mais uma vez.
Mas ninguém acusa, ninguém é digno de acusar,
Porque todos estão afogados no lodo da impureza.
Eu estou. Você está. Nós estamos. E ninguém pode dizer nada.

Ao longe se vê a aproximação de algo.
É o cortejo do juiz, do acusador,
Daquele sobre quem não pesa culpa,
Sobre quem não há mancha ou respingo de imundice.
Mas para onde ele vai? Não é ao tribunal.
E o que ele fala? Não são acusações.
Mas, para onde ele vai? Vai para a fonte do mal,
Para o lugar de despejo das impurezas.
E sua forma é avermelhada. Seu som é rítmico.
O juiz está indo ao coração humano
Sobre si está tomando a impureza, a sujeira, a vergonha.

Mas logo pode ser ouvido os gritos
Escutem as vozes que sentenciam o juiz:
"Crucifica-o, o impuro deve morrer!"
Todos o impurram para o tribunal,
Mas não é para o acento do juiz, mas do réu.
Onde mais uma vez se ouve as palavras condenatórias:
"Crucificação, morte!"
O carrasco se levanta do meio dos enlameados e executa a sentença:
"Crucificação, morte".
Mas o que mudou? O que aconteceu?

Ao terceiro dia, o juiz enlameado ressurgiu, porém limpo e puro novamente.
Mas agora sim, para julgar todo coração que não foi tocado,
Todo coração que não entregou sua lama e imundice e o depositou sobre o juiz.
Ele julgará, o juiz dará sua sentença - morte para todos - mas com uma diferença,
Quem já morreu não morre mais, e quem vive, morrerá para sempre.
Do alto se apresentam os anjos, como agentes da justiça,
Arrebatando aos que o juiz declarou justos
E encarcerando os culpados nas celas das eternas penitenciárias infernas.

A justiça está feita.
O juiz se lavanta da sua cadeira de julgamento
E se assenta no trono da eternidade
Para reinar sobre o próspero reino da glória.

domingo, 17 de maio de 2009

Flores para você

Nem todas as mulheres merecem flores
Mas dentre as que merecem,
A nenhuma delas eu gostaria mais
De dar estas flores
Do que para você.

sábado, 2 de maio de 2009

Moça de vermelho!

Noite passada estava em casa deitado em minha cama com a mente cheia de pensamentos. E nessas noites o sono se demora em chegar. Já que não ia conseguir dormir mesmo resolvi sair. Fui numa festa em um restaurante. "Festa em restaurante é o máximo!" Não conhecia ninguém, engraçado como a gente pode se sente sozinho num lugar cheio de gente. Vi ao longe uma moça de vermelho, ocupada em fazer algo, acho que era em limpar o vestido por causa de um pequeno acidente, não sei bem ao certo.
Engraçado o que se sucedeu em seguida, não sou um homem que chega em desconhecidas, na verdade nem em conhecidas eu chego, mas para dar prosseguimento na história fui em direção a moça. Ao me aproximar ela olhou para mim e eu quase fiquei paralisado, mas busquei no profundo da minha experiência palavras de aproximação e que certamente causariam o efeito que eu deseja e por isso eu disse: "Oi, tudo bem?" Ela me respondeu com um olhar de interrogação e me disse: "oi, tudo bem, quer dizer ... é ... tudo bem!" "Vem cá, eu te conheço?" Respondi: "não, na verdade ninguém me conhece aqui! Então resolvi me apresentar a alguém." Ao que ela respondeu com jeito de quem se pergunta o que teria feito para merecer aquela situação: "Ah tá!"
Como vi que minha abordagem estava realmente surtindo efeito perguntei o nome dela e ela me respondeu olhando para os lados buscando um caminho para se desvenciliar de mim. Mas ao que parece ela não conseguiu achar ninguém. Perguntei então: "Você está com seu namorado, marido ou pretendente, uma moça tão bonita como você não sai sozinha!" Acho que isso foi uma cantada! De maneira direta ela me respondeu: "Eu não gosto de homem!" Sem perder a compostura eu falei: "Então temos algo em comum, também não gosto de homem!" Acho que sem saber como se livrar de mim ela se entregou a uma pequena e tímida risada. Ao que aproveitei para convidá-la para se sentar comigo na mesa em que estava.
Sob a luz ela percebeu o verde dos meus olhos e os elogiou, ao que agradeci e disse que não eram tão belos como os dela, aproveitando para dizer que não eram só os olhos dela que eram bonitos. Sentamos e ela logo começou a falar bastante, de como tinha sido tumultuado o seu dia, que não tinha almoçado por ter ido a umas lojas procurar um sandalha que combinasse com vestido que ela tinha pego emprestado com uma amiga. A tudo isso eu respondia com um olhar de atenção e interesse e de vez em quando respondia com um "nossa!"
Depois ela começou a falar de mim, como ficou assustada por eu tê-la abordado, mas que se sentia agradecida, porque não conhecia ninguém naquele lugar e que seus amigos deram bolo nela. Foi então que ela começou a perguntar sobre mim e cada resposta que eu dava ela complementava com comentários admirados e na maioria das vezes expressando estranheza. Primeiro perguntou meu nome e riu com a resposta, isso que eu nem falei meu sobrenome, acho que seria muito para uma noite. Complementou falando sobre seu nome, como seus pais o escolheram, como brigaram porque um queria este e o outro aquele. Depois perguntou sobre meu trabalho. Disse que estava desempregado e comecei a então abrir uma brecha na conversa e falei um pouco sobre minha vida, que tinha estudado teologia, que havia morado no sul num seminário, e que não era pra padre mas sim pra pastor, que havia desistido da carreira e voltado a morar com meus pais, que estudei pedagogia, porém que estava totalmente perdido na vida. Apesar de ter dito palavras ruins como "desempregado" e "perdido na vida", ela me ouviu com atenção e admiração. Insistiu no assunto e me questionou pelos motivos de eu ter desistido de ser pastor, ao que respondi que foi por insegurança e incompetência e acrescentei que sempre dava uma resposta diferente a essa pergunta.
Depois do que falei de mim, ela começou a falar mais abertamente de sua vida, que já tinha sido evangélica antes, mas que não estava indo mais a igreja por causa das pessoas serem muito rígidas, mas deixou escapar acidentalmente que um rapaz ... (ela quis parar neste momento, contudo insisti que não se deve guardar as coisas dentro de si, isso faz mal, e todo aquele blá blá blá pseudo psicológico que eu mesmo não conseguia fazer e então ela continuou) ... o tal rapaz a encantou tanto que aconteceu o que acontece com moças que se encantam por rapazes que pedem provas de amor. O pai dela soube e aí a coisa ficou muito feia e ela saiu do interior e veio morar na capital, um tempo com a tia e depois foi morar sozinha, e isso resume a história que se alongou, mas ela ficou bem mais tímida, apesar de ser ainda capaz de falar bastante e de deixar sempre escapar alguns pecados cometidos.
Depois de mais conversas começou a tocar uma música dançável e eu a convidei. Engraçado como todas as moças dizem que não sabem dançar, mas fiz cara de pidão e ela aceitou o convite. Era uma música lenta e gostosa de se dançar. Como eu imaginava, o não saber dançar era só um "insista por favor!"
Dançamos bastante e como as horas haviam passado depressa perguntei se poderia levá-la em casa. Ela aceitou e fomos. Quando chegamos em frente a sua casa, ela perguntou se eu não queria entrar. Sabia o que aquilo significava. Olhei demoradamente para a bela moça tocado por uma grande tentação. Mas minha vida de timidez e incapacidade de estabelecer envolvimentos com o sexo oposto, somados a uma consciência religiosa que gritava dentro de mim: "Pecado, pecado" falaram mais alto.
Respondi ao convite dando meu testemunho, que aquela noite foi algo totalmente diferente de todas as noites de minha vida, mas que sabia o que significaria entrar com ela e que apesar de uma vida muito solitária, Deus me havia abençoado muito e que não poderia cair assim, sem buscar outras alternativas. Disse que a noite tinha sido maravilhosa, que a tinha adorado pela sinceridade, pela simpatia, pela inteligência e, sem dúvida, pela beleza. Haveriam outras noites e dias para nos conhecermos melhor e quem sabe fazer o que Deus permitisse.
Disse ainda: "Esta noite foi um sonho, na verdade você é um sonho."
Ela lentamente se inclinou em minha direção e carinhosamente me beijou. E antes de sair do carro se despediu dizendo: "realmente eu sou um sonho!"